ORGANIZAÇÃO MÉDICA HIPERBÁRICA 

 

A Terapia com Oxigênio Hiperbárico é um tratamento médico pelo qual oxigênio é administrado a uma pressão maior que a normal a um paciente para tratar indicações médicas específicas.

 

 

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Medicina Hiperbárica :  Uma Breve História


Daniel S. Morrison


R. Duncan Kirkby, Ph.D.


O termo Hiperbárico significa "relacionado com, produzido, operado, ocorrido em pressões maiores que a pressão atmosférica normal." [1] Já por volta do ano 1600, profissionais variavam a pressão atmosférica na tentativa de curar. Usando um sistema de órgãos de foles, um clérigo britânico chamado Henshaw podia ajustar a pressão dentro de uma câmara selada chamada domicilium [2]. O princípio simplista por detrás de seu uso era que condições agudas responderiam a pressões atmosféricas elevadas, ao passo que condições crônicas se beneficiariam a partir da redução da pressão. Conforme o tempo passou, aparelhos de ar comprimido evoluíram na aparência e função. Também foi descoberto que o uso de ar comprimido podia facilitar outros métodos. Por exemplo, um cirurgião francês chamado Fontaine criou uma câmara móvel que tirava proveito de uma lei básica da física (lei de Henry), a qual declara que a solubilidade de um gás num líquido é proporcional a pressão do gás sobre a solução, fazendo com que nenhuma reação química ocorra. Ao aumentar a pressão atmosférica dentro da câmara, Fontaine foi capaz de aumentar a quantidade de oxigênio transportada pela corrente sangüínea do paciente durante a administração da anestesia com óxido nítrico. Isto impedia que os níveis sangüíneos de oxigênio caíssem muito como tipicamente ocorria com aprofundamentos anestésicos cirurgicamente aceitáveis [3].
No início do século XX, Cunningham observou que pacientes com doença cardiovascular que morassem em altitudes maiores passavam piores que pacientes comparáveis vivendo mais próximos do nível do mar. Suspeitando que mudanças altitude-dependentes da pressão atmosférica fossem as responsáveis, Cunningham formulou a hipótese de que aumentando a pressão além de um nível normobárico conferiria um benefício ainda maior. Ele tratou com sucesso uma jovem colega com gripe que estava próxima da morte por falta de oxigênio secundário a restrição da função pulmonar. Com aquele sucesso inflando sua confiança, ele desenvolveu uma câmara hiperbárica cilíndrica
de aproximadamente 3 metros de diâmetro por 27 metros de comprimento, que podia ser usada para tratar muitos problemas [4].

A sorte de Cunningham tomou outra guinada após a recuperação de um paciente afligido com doença renal. Atribuindo sua dramática melhora na saúde a terapia hiperbárica, o paciente agradecido construiu para Cunnigham uma câmara perfeita para um rei. Esta câmara -- construída em Kansas City em 1921 -- era uma bola inteira de aço de aproximadamente 20 metros de diâmetro e equipada com uma sala de espera, sala de refeições, tapetes caros e quartos particulares [5].

Tão grandiosa quanto podia ser, a maior e provavelmente a mais ostensiva câmara hiperbárica na história encontrou um fim indigno. A continuação de sua sobrevivência dependia de sucessos demonstráveis. Cunningham postulava que bactérias anaeróbias (bactérias que preferem ambientes pobres em oxigênio) eram responsáveis por cânceres, hipertensão arterial, e muitos outros problemas. Baseado nisto, ele previu que tudo se resolveria em pressões atmosféricas elevadas que aumentassem os níveis de oxigênio. Infelizmente, autoridades médicas não acharam os resultados animadores, e o "hospital" hiperbárico de Cunningham foi fechado e demolido
para o ferro-velho.

Em 1670, Robert Boyle observou como o olho de uma serpente podia emitir uma bolha de gás visível através da córnea (a membrana transparente externa na frente do olho). Ele concluiu que tecidos submetidos a descompressão rápida podiam emitir bolhas de gases previamente dissolvidos. Sua conclusão está incluída na lei de Boyle, a qual declara que em uma temperatura constante, o volume e a pressão de um gás são inversamente proporcionais. Em outras palavras, um gás irá comprimir proporcionalmente a quantidade de pressão exercida sobre ele.
A lei de Boyle ajuda explicar o que acontece quando uma garrafa de refrigerante quente é aberta. Sob pressão, um grande volume de dióxido de carbono (o que faz o refrigerante borbulhar) se dissolve na bebida de acordo com a lei de Henry. Quando a tampinha é removida, a pressão sobre o líquido é aliviada e o fluido não consegue segurar tanto gás na solução. O gás empurrado para fora da solução rapidamente forma bolhas. Durante o mergulho em mar profundo, o gás inerte inspirado em uma pressão relativamente alta se dissolve e acumula-se nos tecidos do corpo. Conforme o mergulhador retorna a superfície, o gás pode formar bolhas que interferem com o processo fisiológico normal. Por exemplo, a circulação sangüínea pode se romper por bolhas que obstruem os vasos sangüíneos pequenos, e pode surgir dor quando as bolhas tentam se expandir dentro dos espaços fechados das articulações. Este problema médico é chamado de doença da descompressão ou "bends".
Muitos anos se passaram antes que a descoberta de Boyle fosse colocada em prática em humanos. Em 1845, Triger escreveu sobre sintomas em mineiros de carvão consistentes com a doença da descompressão [6]. O ar comprimido era usado para tirar a água dos túneis. A exemplo da serpente de Boyle, os mineiros aparentemente não sofriam nenhum efeito patológico enquanto estavam sob pressão. Entretanto, dores musculares e cãimbras ocorriam após eles deixarem as regiões pressurizadas da mina. Em 1854, Pol e Watelle escreveram que a descompressão era necessária para os sintomas se desenvolverem e -- talvez o mais importante -- que a recompressão reduzia os sintomas [7]. Em 1876, Bert relatou que bolhas de nitrogênio se formavam no tecido durante a descompressão rápida [8]. O nitrogênio foi assim implicado na "inclinação grega", um termo articulado pelos trabalhadores que construíram o quebra-mar da Brooklyn Bridge. A postura inclinada dos indivíduos afligidos aproximava-se da inclinação grega, uma postura da moda assumida pelas mulheres do período. A doença da descompressão mais tarde tornou-se conhecida como "as curvas". (the bends)


Os trabalhadores que construíram o túnel por baixo do rio Hudson também foram prejudicados pelo ar comprimido.
Aproximadamente um quarto deles aparentemente morreu pela doença da descompressão. Quando Moir tratou os trabalhadores afligidos com recompressão e descompressão relativamente lenta, a mortalidade caiu dramaticamente [9]. Isto funcionou porque a pressão forçou as bolhas a se dissolverem novamente e a redução gradual na pressão permitiu com que o nitrogênio emergisse em bolhas pequenas o suficiente para circular até os pulmões, que as eliminava através da expiração.

Durante as décadas subseqüentes, escores de protocolos terapêuticos de recompressão/descompressão foram projetados. Estes desenvolvimentos foram encabeçados pelos militares, que astutamente exploraram as vantagens do ambiente submarino hiperbárico.


Estudos nos anos 30, sugeriram que o oxigênio suplementar podia desempenhar um papel importante no tratamento da doença da descompressão. Entretanto, como o oxigênio podia ser explosivo, três décadas se passaram antes que fosse desenvolvido um equipamento que pudesse ser manipulado de maneira segura para sua administração. O oxigênio inalado sob pressão lava energicamente o nitrogênio dos tecidos. Protocolos de tratamento usando oxigênio hiperbárico por esse motivo exigem substancialmente menos tempo para completar que aqueles usando somente ar comprimido. Desse modo, o oxigênio hiperbárico permanece o instrumento da linha de frente no tratamento da doença da descompressão.


O oxigênio hiperbárico entrou pela primeira vez na medicina de terra firme no domínio cirúrgico holandês com o conceito de tecido encharcado, que exigia pressurização de toda a sala cirúrgica [10]. No prazo de alguns anos, o oxigênio hiperbárico provou ser eficaz contra infecções anaeróbias (aquelas causadas por bactérias que vivem sob condições pobres em oxigênio), mais notavelmente a gangrena gasosa [11]. O oxigênio hiperbárico também se mostrou promissor no tratamento de envenenamento por monóxido de carbono [12].


Abastecidos pelos sucessos médicos iniciais no emprego do oxigênio hiperbárico, a comunidade clínica começou a dispor câmaras hiperbáricas em locais adicionais. Enquanto isso, a comunidade acadêmica iniciou encontros internacionais de alto padrão, e corpos médicos científicos respeitáveis -- como a National Academy of Sciences -- adotaram a medicina hiperbárica. Atraavés desses esforços, os princípios fundamentais governando os efeitos fisiológicos do oxigênio hiperbárico foram extraídos, e questões práticas pertinentes a engenharia e medicina hiperbárica vieram à frente. [13]


Durante os anos 70, a prática de terapia com oxigênio hiperbárico experimentou épocas difíceis porque (a) terapias mais eficazes como a cirurgia cardíaca se tornaram disponíveis, (b) esforços para usá-la para várias condições médicas se revelou um insucesso, e (c) médicos trapaceiros que tinham um perfil de grandes defensores da TOHB mancharam sua reputação. Entretanto, práticas respeitáveis têm sido definidas e estabelecidas através de pesquisas posteriores, o
desenvolvimento de livros textos e revistas científicas, e as atividades de associações profissionais como a Undersea and Hyperbaric Medical Society. Programas de seguro agora cobrem terapias hiperbáricas em problemas médicos aprovados, e treinamento sistemático, e certificação de profissionais de assistência à saúde tem proliferado. Nos Estados Unidos, padrões estritos relacionados com a construção e segurança das câmaras e instalações hiperbáricas têm sido desenvolvidos e regulamentados. Em março de 2000, o American Board of Medical Specialties aprovou a medicina hiperbárica e submarina como uma sub-especialidade tanto da medicina de emergência como da medicina preventiva.

 

Referências
American Heritage Dictionary. Boston: Houghton Mifflin Co.,
1994.
Simpson I. Compressed air as a therapeutic agent in the
treatment of consumption, asthma, chronic bronchitis and
other diseases. Edinburgh: Sutherland & Knox, 1857.
Fontaine JA Emploi chirurgical de l'air comprime. Union Med.
28:445, 1879.
Jacobson JH and others. The historical perspective of
hyperbaric therapy. Annals of the New York Academy. of
Sciences 117:651, 1965.
Sheridan RL, Shank ES. Hyperbaric oxygen treatment: A brief
overview of a controversial topic. Journal of Trauma 47:426-
435, 1999.
Triger M. Letter to Monsieur Arago. Compte Rendus de
l'Academie des Sciences. Paris. 20:445, 1845.
Pol M., Watelle M. Memoire sur des effets de commpression de
l'air applique creusement de puits houille.
Annales Hygiene
Hygiene Publique et de Medicine Legale.
Second Series 1:241,
1854.
Bert P and others. La Pression barométrique, recherches de
physiologie expérimentale. Paris: Masson, 1878.
Moir EW. Tunnelling by compressed air. Journal of the Society
of Arts 44:567, 1896.
Boerema I and others. High atmospheric pressure as an aid to
cardiac surgery.
Archivum Chirurgicum Neerlandicum 8:193,
1956.
Brummelkamp, W.H., et al. (1961). Treatment of anaerobic
infections (clostridial myositis) by drenching tissues with
oxygen under high atmospheric pressure. Surgery 49:299, 1961.
Smith G, Sharp GR. Treatment of coal gas poisoning with
oxygen at two atmospheres pressure. Lancet 1:816, 1962.
National Academy of Sciences, National Research Council.
Fundamentals of Hyperbaric Medicine, Publication #1298, 1966.

 


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